*Por Suely Tambalo
Grande parte dos corredores sente aflição só de ouvir a palavra “alongamento”. Isso porque a característica da corrida é justamente a contração constante da musculatura, usada de forma repetitiva e cíclica. Isso fortalece os músculos, mas torna o alongamento uma necessidade, pois também enrijece a musculatura, podendo causar tensão e lesão. Mas dá pra sentir prazer fazendo alongamento? Sim, isso é possível e não é preciso ser um bailarino(a) para sentir-se assim!
Muitos de nós nos perguntamos como pode uma pessoa sentir tanta necessidade de fazer esse tipo de exercício e demonstrar tanto deleite quando, só de olharmos, já sentimos dores ao nos imaginarmos nas mesmas posições? Lembre-se que os animais de todas as espécies, especialmente os felinos, parecem que vivem para se alongar. Aí você pode dizer que os bailarinos são flexíveis por natureza, mas não é bem assim. A dança exige tanto força quanto flexibilidade. Bailarinos são extremamente fortes, porém, sem desenvolver grande massa muscular. Corredores também precisam de força e alongamento na medida, sem aumento exagerado do volume muscular.
Não se trata do corredor alongar para atingir a mesma flexibilidade de um bailarino, pois esta não será necessária e tampouco produtiva para melhorar o desempenho na corrida. Trata-se de buscar o equilíbrio, já que o trabalho de alongamento no método Pilates tem uma característica peculiar, que é estar sempre associado ao trabalho de fortalecimento muscular, além de ser sempre dinâmico. Força e alongamento devem caminhar juntos, isso é o que preconiza o método.
O alinhamento correto do corpo ao executar os movimentos tanto de força como de alongamento, proporcionam um trabalho equilibrado, que respeita as amplitudes articulares e ensina o praticante a reconhecer seus limites sem, porém, deixar de ampliá-los. O uso dos aparelhos especialmente desenvolvidos para a prática do método torna o treino mais divertido, desafiador e eficiente e você nem vai sentir mais aquele mal-estar só de pensar em se alongar. Vai começar a ser uma atividade natural, assim como deve ser.
Equipamentos como o barrel (pequeno ou grande), que possuem uma superfície arredondada, são perfeitos e anatômicos para alongar a musculatura anterior, lateral e posterior do tronco, sem sofrimento. O uso de almofadas para apoiar a cabeça, quando necessário, traz mais suporte e tiram a tensão da região cervical. Os barris também são ótimos para alongar os membros inferiores. As molas dos equipamentos cadillac, reformer e chair não criam apenas resistência aos músculos, desenvolvendo sua força, mas também podem ajudar a sustentar o peso do corpo ao mesmo tempo que promovem seu alongamento.
Existe uma infinidade de maneiras de trabalhar o corpo no método Pilates. Certamente você vai descobrir as que mais lhe agradam. E assim, aos pouquinhos, um profissional bem preparado no método, que já sentiu os efeitos dessa prática em seu próprio corpo, terá a experiência necessária para ajudar você a superar o “trauma”. Não cabe aqui nenhuma penitência, pelo contrário, não se engane: os bailarinos também sentem o alongamento. Eles sentem dor como nós mortais. A diferença está no perfeito conhecimento de seu limite, ampliado paulatinamente (lembre-se que eles parecem se algongar o tempo todo, em todas as atividades diárias) e nós, bem… Vamos falar a verdade: quem é que nunca negligenciou o alongamento antes e depois da corrida?
O alongamento é apenas mais um dos benefícios da prática do método Pilates. Os seis princípios – respiração, controle, fluidez, concentração, fortalecimento do centro e precisão, caminham lado a lado durante a realização de todos os movimentos. E com tantas coisas para se ocupar em perceber e realizar durante uma aula de Pilates, você sairá além de bem alongado, mais relaxado e focado, tanto durante os treinos como nas atividades do dia-a-dia. Espero ter convencido você a se permitir essa experiência!
Bons treinos!
Fonte: O2 por minuto
*Suely Tambalo é educadora física e professora do CGPA Pilates.