PAÍS GASTA R$ 37 MILHÕES/ANO COM FUMO PASSIVO

Publicado originalmente em estado.com.br – 31.10.08

Fabiana Cimieri, RIO

O governo federal gasta pelo menos R$ 37 milhões com os 2.655 fumantes passivos que morrem anualmente das três principais doenças relacionadas ao fumo: enfarte, derrame e câncer de pulmão. Desse valor, R$ 19,15 milhões são com tratamentos pagos pelo Sistema Único de Saúde e R$ 18 milhões referem-se aos gastos da previdência social com pensões ou benefícios aos parentes das vítimas.Esses valores foram calculados pela pesquisa Impacto do Custo de Doenças Relacionadas com o Tabagismo Passivo no Brasil, estudo encomendado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O tratamento anual dos fumantes passivos que morrem por enfarte corresponde a 64% dos gastos do SUS com doenças do tabagismo passivo, ou seja, R$ 12,2 milhões. Os fumantes passivos que morrem de derrame representam um dispêndio anual de R$ 6,65 milhões ao sistema público de saúde.

O autor do estudo, o pneumologista Alberto José de Araújo, que coordena o Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo da UFRJ, defendeu a aprovação do projeto de lei federal do senador Tião Viana (PT-AC), que proíbe o fumo em todos e qualquer tipo de ambiente fechado, em todo o País. Projeto de lei estadual similar, proposto pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), já está tramitando na Assembléia.

A representante do Ministério da Saúde, Tânia Cavalcante, também é a favor da proibição total de fumo em ambiente fechado. Segundo ela, apesar da prevalência de fumo nos países em desenvolvimento ter crescido, no Brasil diminuiu de 34%, em 1989, para 17% em 2007.

Os cálculos apresentados por Araújo tiveram como base a estimativa Mortalidade Atribuível ao Tabagismo Passivo no Brasil, publicada em agosto, que calculou que 2.655 não fumantes morrem a cada ano no País em conseqüência de doenças isquêmicas do coração, principalmente enfarte, acidente vascular cerebral e câncer de pulmão.

“Sabemos que 70% dos fumantes apóiam essa medida. Não queremos impedir o direito individual de fumar, mas sabemos, por estudos internacionais, que quando essa medida é adotada, pelo menos 10% dos fumantes abandonam imediatamente o vício”, disse Araújo, acrescentando que, segundo estudos, a abstinência do fumo no ambiente de trabalho também ajuda a reduzir o tabagismo no ambiente doméstico.

FIM DO FUMÓDROMO

No Rio, um decreto municipal de maio deste ano proibiu o fumo em bares e restaurantes, onde levantamentos indicam que o nível de fumaça é até seis vezes maior do que em outros ambientes fechados.

Na véspera do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, Serra assinou projeto de lei que proíbe completamente o fumo em ambientes de uso coletivo, sejam públicos ou privados. A medida estende o veto a bares, restaurantes, boates, hotéis e áreas comuns de condomínios e prevê a eliminação dos fumódromos em empresas.