Cada vez mais, pequeno empreendedor deve pensar em oferecer benefícios e não apenas bons salários
Fonte: Estadão PME
Que tal ir para uma reunião no mezanino e depois voltar por um escorregador? Na agência Fess’Kobbi essa pequena aventura é uma rotina. “Nós criamos uma área de descontração no mezanino, onde temos a sala de reunião e algumas redes, usadas para momentos de troca de ideias e relaxamento”, conta um dos sócios, Eduardo Kobbi. “A subida é pela escada, mas a volta é sempre pelo escorregador.”
A agência também oferece ginástica laboral no início da jornada diária, com exercícios de alongamento, fortalecimento e relaxamento, conduzidos por um fisioterapeuta. “Essa ação gera dezenas de benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais para os funcionários. E a empresa se beneficia com o aumento de produção e motivação, além da redução de doenças.” Segundo ele, este ano a agência está introduzindo a participação dos colaboradores nos resultados da empresa.
Assim como Kobbi, outros empreendedores já perceberam que não é apenas o salário que influência na retenção dos funcionários. “Cada vez mais empresários nos procuram em busca de informações sobre formas de oferecer benefícios”, diz o consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP), Daniel Palácio Alves.
Alves considera a cesta de benefícios fator determinante para manter os empregados. “Além dos benefícios tradicionais, o ambiente dentro da empresa, a flexibilidade no horário e o local de trabalho pesam muito na hora de o funcionário avaliar outra proposta de emprego.”
Na Evoluo, empresa especializada em serviços e soluções empresariais e humanas, o sócio Armando Grell diz haver uma nítida tendência nesse sentido entre as pequenas e médias empresas (PMEs). Segundo ele, essas companhias devem incluir itens como benefícios e bem-estar no planejamento estratégico. “Custa mais caro formar mão de obra e depois, por um simples plano de saúde, perder o empregado.”
Sócio do escritório de advocacia Mendes Barreto e Souza Leite, Luiz Guilherme Mendes Barreto diz que emprega 11 pessoas e há um ano decidiu investir num plano de saúde de alto padrão oferecido pela Care Plus.
Segundo ele, o custo não ultrapassa 1% da receita da empresa, que também investe em academia. “Em breve, também vamos oferecer uma nova ferramenta chamada Vital Box, voltada para o acompanhamento da saúde e bem-estar da equipe.”
O gerente comercial da Care Plus, Eduardo Pereira, diz que a companhia de plano de saúde criou em 2010 a linha Soho especialmente para atender empresas com poucos funcionários. “A linha oferece quatro categorias de planos, que podem ser contratados para atender entre duas e 29 pessoas.”
Pereira confirma o interesse crescente das pequenas por benefícios. Segundo ele, em 2011 as vendas da linha Soho responderam por 15% dos planos comercializados pela companhia. “Nossa expectativa é de que nos próximo cinco anos essa linha seja responsável por até 40% da receita da Care Plus.”
Os 25 empregados da Gaming do Brasil, distribuidora oficial da Nintendo no País, também foram contemplados com o plano de saúde. “Além disso, oferecemos vale refeição, vale transporte e bônus por desempenho nos resultados da empresa”, diz o gerente de operações, Roberto Lindstaedt. A empresa também tem uma “sala de descompressão”, onde os funcionários podem jogar videogame.
Os especialistas do Sebrae e da Evoluo alertam, no entanto, que tudo deve ser feito de forma compatível com a realidade financeira da empresa. “É preciso avaliar o impacto que a implantação de um benefício vai causar, porque depois de implantado é praticamente incorporado como direito”, diz Grell.
Alves sugere alternativas que não interferem no orçamento da empresa, como a flexibilização do horário de trabalho, criar convênios com restaurantes, academias e escolas de idioma. “Promover eventos de confraternização e dar folga no dia do aniversário, são outras possibilidades.