Por Pedro Ferreira Reis (FIEP Brasil)
Atualmente, a GL vem passando por uma fase de crescimento cada vez mais evidente em todo o país, quadro que é evidenciado pela grande quantidade de profissionais envolvidos. Mas a real situação da prática da ginástica laboral e fator de preocupação no âmbito da saúde ocupacional, o que proporciona alguns questionamentos:
– 10 minutos de alongamentos é suficiente para se garantir uma condição saudável do trabalhador?
– Será que a maioria das empresas não está utilizando a ginástica laboral como paliativo para se defenderem das perícias trabalhistas?
– Somente a prática da ginástica laboral é suficiente para suprir os desgastes fisiológicos e psicológicos dos trabalhadores?
Os cursos de graduação de Educação Física e Fisioterapia estão preparando os egressos para uma boa atuação em relação à saúde ocupacional?
A disciplina de ergonomia vem sendo valorizada nas grades curriculares dos cursos da área da saúde?
É importante destacar que todo programa de ginástica laboral necessita do envolvimento multidisciplinar e interdisciplinar envolvendo principalmente os trabalhadores, educadores físicos, fisioterapeutas, médicos do trabalho, enfermeiros, assistentes sociais, engenheiros, psicólogos, designers, administradores, engenheiros de segurança. Assim através de um comitê corporativo envolvendo os programas PCMSO, PPRA e CIPA, conseguiremos desenvolver um trabalho produtivo nos Programas de Promoção de Saúde do Trabalhador. Assim cada profissional dentro da sua competência, mas em equipe com o mesmo objetivo que é a saúde do trabalhador.
Fatores Psicossociais do Trabalhador
Vários fatores interferem na saúde do trabalhador, destacando a individualidade biológica a sua relação com o trabalho, com a comunidade e principalmente com a sua família, neste sentido questiona-se a verdadeira razão da prática da ginástica laboral:
– A utilização isolada da Ginástica Laboral é eficaz para combater a incidência das LER/DORT nas organizações?
– É possível que a dedicação de poucos minutos para exercícios de alongamento, relaxamento e dinâmicas de grupo no local de trabalho afastem o estresse, as tensões musculares e alterem o estilo de vida do trabalhador?
– A execução prática com roupas inadequadas não seria um fator prejudicial à execução da Ginástica Labora?
– Será que uma trabalhadora de Call Center que tem todo seu tempo cronometrado, até para ir ao banheiro deve ter uma Ginastica Laboral idêntica ao de uma secretária que toma água e cafezinho a qualquer momento de acordo com sua vontade?
– Se o sexo feminino tem 40% menos força e 30% menos capacidade respiratória que o sexo masculino ambos deva participar do mesmo programa de alongamentos?
– A trabalhadora gestante poderá participar dos programas de Ginástica Laboral?
– O sexo feminino deverá ter uma Ginástica laboral diferenciada na fase pré menstrual e menstrual?
Embora alguns autores indiquem a Ginástica Laboral como uma medida preventiva eficaz para LER/DORT, é importante alertar que somente a prática de alongamentos, sem a melhoria dos métodos organizacionais, poderá prejudicar o bom andamento do projeto de Ginástica Laboral. A prática da Ginástica Laboral de forma isolada não alcança êxito na prevenção, devendo ser associada a várias outras medidas, simples, mas fundamentais, como volta de férias com ritmo gradativo, rodízio de tarefas eficiente, pausas para descanso, fazem necessárias para que o trabalhador tenha no seu meio laboral um ambiente confortável e seguro para o pleno exercício de suas atividades. Além destas observações a individualidade biológica, antropometria, sexo, idade e as adequações ergonômicas do posto de trabalho, verificando os níveis de ruído, iluminação, cores, vibração e qualidade do ar são variáveis indispensáveis para preservação da saúde do trabalhador. Assim as atividades corporais adotadas nos programas de Ginástica Laboral devem ser orientadas a partir do estudo sistemático de ergonomia, com foco centralizado nas queixas dos trabalhadores em relação às exigências da tarefa e sua influência nos fatores psicossociais.
Assim acredito que um programa de ginástica laboral poderá ter êxito tanto para preparar o trabalhador para sua atividade (Preparatória), quanto para compensar uma fadiga muscular (Compensatória) ou até no trabalho cognitivo atuando como volta à calma (Relaxamento).