CORRER OU NÃO CORRER?

Muito popular nos dias de hoje, a corrida se tornou um hábito para muitas pessoas. Sua democratização é visível em qualquer evento desta modalidade, onde o cenário é bastante variado, seja em relação à idade, ou à classe social. O fato é que a corrida é uma solução econômica e eficiente para aqueles que querem perder peso e entrar em forma (quem não quer!). Mas, e para começar, é só ter força de vontade, como dizem por aí? Seria a corrida a solução dos nossos problemas?Quem dera…

            Apesar dos grandes efeitos benéficos já comprovados da corrida, tem-se observado a ocorrência de lesões, principalmente em membros inferiores (quadril, joelho, tornozelo e pé), relacionados à prática. O mecanismo de lesão relacionado à corrida foi interessantemente dividido por WEN (2007) entre fatores intrínsecos e extrínsecos. Para clarear, cito os principais deles: Intrínsecos – anormalidades anatômicas (como assimetria de membros inferiores), flexibilidade, histórico de lesões, condicionamento cardiovascular, composição corpórea… Extrínsecos – erro de execução e de planejamento na hora do treino, tipo de superfície onde é praticada (areia, grama, asfalto), alimentação…

            Não venho aqui condenar o ato de correr, o qual particularmente acho bastante interessante, mas venho abrir os olhos para os riscos que esta prática pode trazer àqueles que a executam sem tomar os devidos cuidados. A banalização da corrida pode trazer eventuais riscos associados, como têm demonstrado artigos publicados em importantes revistas da área médica e fisioterapêutica.

            Importantíssimo antes de iniciar a prática da corrida é falar com alguém que entenda do assunto. Cada pessoa é diferente, tem sua bagagem de lesões, seu biotipo, suas preferências e seus limites. E todos esses fatores devem ser levados em conta na hora de decidir: correr ou não correr?

            Deu para perceber que diversos fatores devem ser pesados na hora de optar pela corrida como forma de se exercitar. Não é motivo, entretanto, para desistir dela! Se você já tem a corrida como prática regular e nunca teve sintomas, talvez ela seja uma boa opção para seu perfil. Se você, assim como eu, procurou a corrida e após um tempo sentiu algum tipo de dor, atenção, algo pode estar acontecendo para que não tenha se adaptado ao exercício.

            Uma boa avaliação feita por um profissional capacitado da área pode afugentar o fantasma do medo de se lesionar. Não perca o apetite de se exercitar, apenas faça-o com segurança, para que o exercício torne-se algo realmente benéfico para sua saúde.

 Por Janaina Cesa Correia, Acadêmica de Fisioterapia da PUCRS (4ANO).

Referências:

  • Hino, AAF, et al., Prevalência de Lesões em Corredores de Rua e Fatores Associados, 2008.
  • Pileggi, P, et al., Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares em corredores: um estudo de coorte prospectivo, 2009.
  • WEN, D.Y. Risk factors for overuse injuries in runners. Current Sports Medicine Reports, Philadelphia, v.6, p.307-13, 2007.