Programa Cinesioterapia Laboral – Um caso de sucesso no tratamento a doença ocupacional

Mais um ano se passou na chamada “cinésio”. Forma carinhosa como os empregados de uma empresa que atuamos se referem ao Programa Cinesioterapia Laboral. Pois bem, é hora de avaliar novamente os resultados.

          Fizemos um complexo levantamento no primeiro ano quando a “cinésio” ainda não era um programa e sim apenas um projeto. Dados publicados pela própria empresa ressaltaram como principais resultados uma redução em 17% nos afastamentos e no grande percentual (78%) de empregados que tiveram alta médica sem deslocamento externo, economizando tempo e gerando maior produtividade. Os resultados bastantes significativos encontrados na época justificaram a permanência do projeto e sua posterior transformação em Programa Cinesioterapia Laboral.

          Neste último relatório, fizemos um levantamento, embora mais simplificado, não menos qualificado. Além das avaliações de costume como da composição corporal, da aptidão física (força e flexibilidade), de dor e desconforto e do estilo de vida, acrescentamos dessa vez a análise das frequências individuais. E é por esta análise que começaremos nossa explanação.

          Cada empregado envolvido no programa tem direito a 2 sessões semanais dentro do horário de trabalho, número que totaliza em média 9 sessões por mês. O tempo das sessões varia entre os setores, mas fica entre 30 e 45 minutos.

          Planificamos, ao longo dos últimos 12 meses, as frequências mensais de cada participante e, ao final, fizemos uma média anual por participante. E nada como os números para acabar com os romantismos e nos dar um choque de realidade. Percebemos que não mais de 20% dos participantes frequentavam a “cinésio” acima de 7 vezes por mês. Nove sessões é raridade. A maioria tem uma frequência média mensal de 5 ou 6 sessões. Quando a média é 5 ou 6, quer dizer também que muitos ficam na casa das 3 ou 4 sessões por mês. As ausências ocorrem por uma série de motivos. Entre elas estão folga, treinamentos, excesso de carga, preguiça, afastamentos, etc.   Surpresa ingrata? Entendemos que não. Porque?

          Porque com esta análise de frequências pudemos chegar a uma conclusão operacional bastante importante. Se cada participante frequenta o Programa Cinesioterapia Laboral em média 6 vezes por mês durante um período de 45 minutos, esse participante fica fora do seu posto de trabalho 4,5 horas por mês. Se este empregado tem um contrato de 44 horas semanais de trabalho, conseqüentemente possui uma carga horária mensal de 184,8 horas. Então quer dizer que este empregado passa APENAS 2,4% do tempo em que permanece na empresa dentro do programa cinesioterapia laboral cuidando da sua saúde. E tem gestor que acredita que a “cinésio” atrapalha a operação. Em nossa opinião, esse tempo de 2,4% fora do posto de trabalho é irrelevante no contexto geral da capacidade produtiva de cada indivíduo.

          Mais ainda. Reforçando a tese de que a surpresa não é ingrata, reparem que mesmo com 4,5 horas mensais em contato com os participantes, conseguimos gerar resultados sigificativamente positivos na vida dessas pessoas.

 Quando analisamos a satisfação dos usuários do programa, destacamos rapidamente o seguinte:

  • A maioria (64%) das 84 pessoas que responderam a pesquisa são homens entre 30 e 50 anos;
  • Os professores e os fisioterapeutas estão em alta pois 98% dos participantes avaliam entre bom e excelente os critérios cordialidade, destreza, conhecimento e motivação dos nossos profissionais;
  • 93% dos participantes consideram “muito importante” o programa para as demandas do TRABALHO;
  • 92% dos participantes consideram “muito importante” o programa para as demandas do DIA-DIA;
  • Todos os participantes (100%) relatam sentir-se melhor após o programa, sendo que 64% sentem-se “muito melhor” e 36% sentem-se “melhor”;
  • 86% dos participantes que relataram dor antes do inicio do programa afirmam que suas dores “diminuíram muito”;
  • E 100% deles entendem que o programa deve continuar.

          ABAIXO SEGUE ALGUNS RELATOS DOS EMPREGADOS DA ECT. Destacamos aqueles que citam a empresa ECT pela iniciativa.

  • Minha opinião é muito positiva, me ajudou e ainda me ajuda, afinal o tipo de serviço que faço exige força e postura correta. Espero que continue.
  • Importante no processo de reabilitação e bem estar. Grande acerto da ECT.
  • Acho que os coordenadores deveriam se comprometer mais em relação a liberação dos funcionários na hora da cinesio e não desestimular o funcionário.
  • Um benefício muito importante que a empresa disponibiliza aos empregados. O serviço prestado pelos professores é muito bom e sempre que houver novidades em relação ao assunto serão bem vindos.
  • É uma forma da empresa valorizar seus empregados agregando qualidade de vida.
  • Acho ótimo pois harmoniza nossa satisfação em fazer com o trabalho, pois não tendo dor trabalhamos melhor e com mais motivação.
  • Oferece aos colaboradores melhorias nas condições fisicas para o trabalho, aumentando conseqüentemente a qualidade de vida de um modo geral.
  • Fantástico!!! Nesses 25 anos de empresa não tinha visto um programa que desse tanta importância aos empregados.
  • A cinesio mudou bastante a minha vida. Apesar de ser pouco tempo de atividades fisicas, as dores acabaram podendo desempenhar minhas funções com mais animo. Me sinto muito melhor.

          No âmbito da composição corporal, perceberemos no gráfico a seguir a evolução das variáveis, em termos percentuais, neste último ano.

 

          Podemos perceber que há uma evolução importante na perda de gordura corporal dos participantes. O controle adequado de gordura corporal além de afetar a auto-estima das pessoas, ajuda de forma muito maximizada a regulação de disfunções metabólicas.

         Perceberemos também que, no âmbito da aptidão física, a força escapular dos participantes, uma das forças avaliadas que mais tem relação com a atividade dos OTTs, teve ganhos bastantes expressivos. Outras variáveis importantes também evoluíram positivamente como a flexibilidade e a força manual. Por outro lado, o que nos chama atenção é que o perfil de estilo de vida das pessoas pouco se alterou, algo que esperávamos que acontecesse com maior amplitude.

 

         Enfim, chegamos a conclusão de que esse programa praticamente faz mágica. Ou seja, se a maioria das pessoas separam apenas 6 momentos por mês para cuidar da sua saúde e ainda assim colhem resultados positivos é porque as coisas realmente estão sendo bem feitas por lá. Imaginem se eles tivessem uma frequência adequada.

          Vale salientar que os resultados expostos provêm de avaliações criteriosas. Aqui não está relatada simplesmente a nossa opinião. A empresa ao oferecer aos seus empregados, em um pequeno intervalo que corresponde a menos de 3% do tempo nas instalações da empresa, a possibilidade de ele cuidar da sua saúde tem, em contrapartida, pessoas muito mais felizes e aptas fisicamente para suas demandas laborais. Só não enxerga os benefícios do programa cinesioterapia laboral quem não quer. Temos certeza que esses fatores transformarão, no médio e longo prazo, a cultura da empresa na área da saúde e, por consequência, afetarão de forma positiva os afastamentos, absenteísmo, presenteísmo, dentre outros.

             O nosso grande desafio continua sendo a adesão e a participação adequada no programa. Ainda carecemos de apoio e de iniciativas continuadas de conscientização para que esses números possam ser ainda melhores.

Autor:
Thiago Lorenzi

Mestre em ciência do movimento humano – UFRGS / MBA Gestão Empresarial – IBGEN
Diretor Heath Care ([email protected])

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