Mulheres ganham nova fórmula para frequência cardíaca

Fonte: Folha.com

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A fórmula clássica para calcular a frequência cardíaca (batimentos por minuto) máxima e nortear exercícios não serve para mulheres.

É o que concluiu um grupo da Universidade Northwestern, em Chicago, que há 18 anos estuda o coração do público feminino.

Há 40 anos, a frequência cardíaca máxima (FCM) é definida por uma conta simples: 220 menos a idade da pessoa. O resultado condiz com o que foi observado em pesquisas populacionais.

O problema é que a participação de mulheres nessas antigas pesquisas era mínima. Por isso, os dados não são precisos, diz a coordenadora do novo estudo, a cardiologista Martha Gulat.

Em entrevista à Folha, Gulat diz que a fórmula deve se tornar padrão. “Não somos “homens em tamanho menor”, e até hoje não havia dados sobre mulheres em relação à frequência cardíaca. Fizemos um grande estudo e as evidências são muito fortes.”

Publicado no “Circulation”, da Sociedade Americana do Coração, o estudo incluiu 5.500 mulheres. E concluiu que a FCM da mulher é entre oito e dez batimentos/ minuto menor do que a do homem da mesma idade.

“Sabendo sua FCM de forma precisa, a mulher pode atingir os objetivos pretendidos com o treino”, diz Gulat.

A cardiologista também diz que o novo padrão permite diagnósticos mais realistas no teste de esforço (eletrocardiograma na esteira).

Segundo Turíbio Leite, professor de medicina do esporte da Unifesp, esse é o primeiro estudo avaliando diferenças de gênero na FCM. “Tem fundamento, mas não sei como será a aplicação.”

A maior dificuldade, segundo Gulat, é fazer o cálculo: 206 menos 88% da idade. “Uma calculadora resolve. Estamos preparando um aplicativo para iPhone e internet”, conta ela.

POUCOS ESTUDOS

“A mulher não se iguala ao homem no desempenho físico. Há poucos estudos específicos para elas”, concorda o cardiologista e médico do esporte Nabil Ghorayeb.

Para Ghorayeb, montar treinos baseados em índices femininos é interessante, mas é preciso mais pesquisa para validar a nova fórmula.

Cláudio Silva, presidente da Associação Brasileira de Academias, diz que o ideal seria incorporar já esses dados. “Os fabricantes poderiam imprimir as novas tabelas nos aparelhos”, diz.

Hoje, muitas esteiras têm no painel um quadro com as frequências cardíacas segundo a fórmula que não diferencia homens e mulheres.

Embora haja um desvio padrão, a frequência máxima obtida por fórmula é fixa para cada ano de vida. O condicionamento permite que a pessoa aumente a intensidade da atividade sem ultrapassar a “zona-alvo” do treino. São frequências entre 65% e 85% da máxima, que atendem a diferentes objetivos.

CÁLCULO DEIXA TREINO MAIS SEGURO

Saber com mais precisão a sua frequência máxima permite maior controle do treinamento e obter melhores resultados com menos esforço. Também há menor risco de exceder os limites seguros durante a atividade, de acordo com Cleiton Libardi, do Laboratório de Fisiologia do Exercício da Unicamp.